sábado, 26 de março de 2011

Fusca Mini Rolls 'Benito Mussolini"

Durante o mês de fevereiro, os membros do Fusca Herbie tiveram o prazer de conhecer, durante o XXII Encontro de Veículos Antigos da Praia do Cassino, litoral sul do Rio Grande do Sul, o Prof. Wilmar Avendano Donini e seu peculiar Fusca, chamado por ele de Benito Mussolini, no estilo Mini Rolls.


Além de uma simpatia ímpar, o Professor Wilmar fez questão de nos passar informações detalhadas de seu veículo, inclusive alguns dias depois do evento nos enviando um dossiê completo com a história do seu Fusca.
Com esse vasto material em mãos, e pela própria raridade das informações, faremos uma série de postagens, para dividir essas interessantes informações com todos os nossos leitores.

Nesse primeiro momento vamos publicar a primeira parte do texto do próprio Prof. Wilmar Donini, que abre o dossiê:

A História de um "Fusca"

"Se ele falasse, ele diria...
que eu lastimo não ter convivido, há três décadas passadas, com pessoas com quem hoje tenho boas relações de amizade, ou sejam proprietários de carros antigos, em estado de novos, ou que chegaram a ser encontrados em galpões, em péssimas condições, e foram recuperados, transformando-se em verdadeiras "obras de arte". Eu não tinha ideia do que significaria a foto de uma provável "quase sucata" que comprei, para poder mostrar como era antes da reforma. Na maioria, hoje todos têm orgulho em fazê-lo, guardando o fato como lembrança. Sinto mesmo não tê-lo feito.

O sedam 1300 é um carro tão popular que o encontramos a cada rua, cada esquina por onde passamos. Podemos nos dar o luxo de escolher um carro regular, bom ou ótimo, sem que precise de grandes consertos ou pequenos reparos, até originais, intactos. Basta saber procurar o que queremos. É só ter paciência e disponibilidade financeira.
Eu quis, há trinta anos, enfrentar um desafio, e por inexperiência, acabei comprando um carro 1300 - 67 - 6 volts, numa determinada oficina, cheio de problemas com motor, lataria, suspensão dianteira, borracha dos facões, amortecedores, parte elétrica e, por consequência, pintura geral. Os pneus estavam quase perfeitos, em estado de semi-novos. Muitos que vissem diriam que era quase sucata.

Resolvi negociar com o mecânico a reforma "daquilo". A pessoa era de minha confiança e profissional de "mão-cheia", como se diz.
Tratamos o valor e forma de pagamento para recuperar o veículo de modo que ficasse em condições de andar. Foi uma reforma geral. Ficou estabelecido em 10 pagamentos de 2 mil cruzeiros mensais (moeda da época). Me censuraram muito porque era um valor fora do normal, para um carro 67, mesmo que fosse todo reformado. Lembro que uma das pessoas era um velho conhecedor e revendedor de carros, Sr. Wilson, da garagem "CHUI", que estava entregando um 68 em Canguçu, por 11 mil, com motor retificado e pneus novos. Mas valeu a censura construtiva.
Acabei por pagar, religiosamente, os 20 mil cruzeiros, mas o carro ficou pronto 7 meses depois do combinado. Me aborreci muito com meu amigo, mas o estimava bastante e não queria quebrar uma amizade de tantos anos, por causa de um automóvel.
Ficou ótimo,  em azul escuro (azul atlântico), cor original.

Fiquei satisfeito, criando alma nova, esquecendo a falta de atenção que o cidadão teve para comigo. Nessa altura, outro problema, outra decepção. O carro estava sem documentação. Como eu já tinha feito a besteira, tinha que assumir. Finalmente, dentro dos trâmites legais, junto ao Detran, conseguimos regularizar os documentos, pagando também valor de impostos atrasados. Estava tudo legalizado.
Fui saber, depois da pintura, que a tinta referida estava fora de linha de fabricação, pois já era de 1964. Por sorte, fiquei com uma lata para futuros reparos. Em seguida, fiz a transformação que existe até hoje. Com aquela lata conseguimos pintar o novo capô. Identificamos uma pessoa que possuía 14 latas da tinta, mas soubemos que foram roubadas de uma firma e não quis me meter em encrencas. Mais tarde, resolvi mudar a cor para azul pavão, mais clara e fácil de se encontrar até os dias atuais, que fazem na hora qualquer tonalidade. Não fiquei com nenhuma foto na cor anterior, depois de transformado. A ideia de transformar o carro em "Mini Rolls" surgiu através de publicação em uma revista de 1973, que me foi fornecida na "Auto Elétrica Wander", pelo seu proprietário, Sr. Wandinho, que muito me incentivou a reproduzir o mesmo modelo em meu veículo. Pesquisando o assunto, acabei por encontrar as peças em Florianópolis, (capô e radiador) sendo que os guarda-lamas, com dois faróis em cada um, foram confeccionados pelo mecânico/chapista, Sr. Manoel Cabanha (falecido). Quanto aos tapa/rodas traseiros, consegui-os com outra pessoa, em Pelotas. Resolvi, por fim, colocar um pneu no capô traseiro, para dar a forma final de apresentação do carro. era a maior curtição na Europa e Estados Unidos da América, na década de 70, mas de gosto duvidoso e passageiro no Brasil.

Eu me sinto um privilegiado por resgatar esse ideal até os dias atuais.
Na modificação, com capô Mini-Rolls os faróis eram de milha, com lâmpadas de iodo; as sinaleiras dos guarda-lamas dianteiros eram modernas, maiores, com as placas no meio de cada pára-choque.
Com o passar dos anos, aquele capô sofreu (no radiador de acrílico) uma avaria, que foi consertada, mas não cromada, porque não havia quem o fizesse (ainda está assim até hoje na minha garagem). Vim saber mais tarde que em Cachoeirinha, perto de Porto Alegre, alguém o fazia.
Por coincidência, consegui um capô novo e fiz a troca, mas com substituição dos faróis de iodo, que sofreram desgaste do tempo; além disso, as lâmpadas 6 volts queimaram, e não existiam mais. Aproveitei para trocar as sinaleiras do pisca (as que existem até hoje, n não sei de que carro eram), e coloquei a placa traseira sobre o guarda-lama esquerdo como nos antigos Fords 35, 36 e 37, passando a da frente para baixo do pára-choque. A penúltima reforma que fiz foi 1992, que durou até agosto de 2005, como se vê nas 4 poses.
Atualmente mandei dar uma renovada em algumas quebras nos guarda-lamas e amassados, deixando de pintar apenas a capota e o capô (inclusive mandei trocar as colunas das portas)."

Esse texto continua na próxima postagem.

P.S. Algumas fotos que compõem o texto estão em preto e branco devido ao dossiê original ter sido fotocopiado.

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sexta-feira, 25 de março de 2011

Encontro de Fuscas em Portão

Acontece nesse próximo domingo, dia 27 de março, na cidade de Portão, no interior do Rio Grande do Sul, o encontro de Fuscas promovido pelo "Clube do Herby" da cidade.


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