sábado, 2 de abril de 2011

Fusca Mini Rolls - "Benito Mussolini" - Parte 2

Em nossa última postagem começamos a contar a histótia de Benito Mussolini, um Fusca Mini Rolls de propriedade do professor Wilmar Avendano Donini, morador da cidade de Pelotas (RS).

Nessa postagem vamos continuar publicando o texto "A história de um Fusca", onde o Sr. Wilmar descreve a história de "Benito Mussolini". Nessa parte aparecem a descrições dos problemas enfrentados para a legalização do veículo:


"...
Mesmo alguns anos após a transformação, eu não havia percebido de que a aparência do carro pudesse causar a confusão que vou contar.
Certa vez fui a Rio Grande, e ao passar pela Polícia Rodoviária Federal da Vila da Quinta me mandaram parar. Fiquei tranquilo, pois sempre reviso o carro em todos os apectos e documentação, antes de sair.


Me pediram a documentação, mas não foi suficiente, mesmo tendo eles examinado o sistema elétrico de sinalização. Marcaram em cima da transformação, alegando que modifiquei a característica do carro, que estava irregular. Não adiantou dizer-lhes que era Sedan 1300 - 1967. Aconselharam-me a regularizar a situação junto ao Detran Pelotas (até estranhei que não me retiveram no posto, nem multaram) mas não me deixaram passar, obrigando-me a retornar a Pelotas. Fui ao detran, e o Delegado, Sr. Godinho (nova e simpática amizade) me orientou a respeito. Consegui um atestado de engenheiro mecânico, fiz o requerimento necessário para a regularização, e passei a andar mais tranquilo (a cópia do atestado deve acompanhar a documentação, constando no Certificado de Propriedade a alteração sofrida).

Alguns fatos foram marcantes, relacionados com o meu carro, e não deixarei de registrá-los aqui para a eternidade.
Na reportagem do dia 01/08/2003, ao meio da folha do Diário Popular, à esquerda, sob o título "MANIA DE VOCÊ", o repórter diz, entre outras coisas (até alguns termos que não usei como:besouro, bólido, arranca suspiros, preciosidade, aos risos), "além de marcar época, construiu amizades".
Estava eu, certo dia, no colégio Santa Margarida, quando apareceu um moço alto, se apresentando. Depois de se identificar, convidou-me para, com meu carro, participar de encontro de carros antigos. Disse-lhe que agradecia a lembrança, mas meu carro não era antigo, apenas o transformei com aquela aparência, e me sentiria constrangido em estar junto porque não me achava à altura do acontecimento. Mesmo assim o rapaz insistiu para que eu fosse, daí a dois dias, ver a saída de uma caravana de Pelotas e Rio grande, lá no posto do Cavada (Retiro) às 7 da manhã, que iria a um encontro numa cidade perto de Porto Alegre (não lembro a cidade).
Criei coragem (isto foi em 1992) e fui ao local colocando o veículo no fundo do Posto porque estava com vergonha (eram carros originais, belíssimos), tendo sido recebido pelo moço, que nada mais, nada menos era o Gustavo, filho do casal Eduardo/Beti Haas, com os quais, por causa do carro, fizemos a amizade que se conserva até os dias atuais, o que me dá muita satisfação, esperando que seja para o resto de nossas vidas.
Em seguida chegaram: Srs. Mello, José (Português) e outro (de que não lembro o nome), os quais foram até o meu carro, dando-lhe muita atenção e importância, convidando-me para ir ao próximo encontro tradicional que existe na praia do Cassino, todos os anos, de Carros Antigos, organizdo pelo Veteran Car Club Rio Grande. Todos, novas amizades. Realmente, o Fusca, além de marcar época, construiu amizades, que perduraram até hoje. Daí para cá, tenho sempre tido a alegria de privar da amizade com todas as diretorias daquele clube, inclusive com os de Pelotas, Pinheiro Machado e agora, recentemente, com os de São lourenço do Sul, onde fui recebido com muita distinção por sua diretoria e reportagem do Jornal "O Lourenciano".
Outro fato marcante é que o carro original, em estado péssimo, quando o negociei, tinha placa de Rio Grande - HA 4415, e pertenceu a uma senhora (de sobrenome estrangeiro) que trabalhava na Estação Rodoviária daquele cidade. Fui especialmente conhec^-la no local de trabalho, convidando-a para olhar o carro que foi de sua propriedade. Ela custou a acreditar, mas acabou por se convencer e me cumprimentou pelo carinho que tive me recuperá-lo, pois quando estava com ela, muito representou para si. depois disso, ela nada mais soube sobre ele, até que apareci.
Também não posso deixar de mencionar a amizade que fiz com os repórteres que o Diário Popular mandou para referência ao carro, juntamente com a presença do Dr. Eduardo Haas, em sua própria casa. Não tenho vaidades, mas fiquei muito honrado em participar da reportagem em companhia de tão prezado companheiro.
Agora, há pouco, com surpresa, tive outra satisfação, quando fui convidado a participar com meu carro no aniversário dos 50 anos de atividades da Panambra S/A (revendedora VW da região), o qual foi colocado no salãp principal, tendo em sua volta as fotos históricas dos primeiros Fuscas importados, até os últimos fabricados. Jamais imaginaria que tal fato acontecesse, pois conheço carros VW 1300 belíssimos, originais, que melhor representariam o passado da Panambra. E o carro me aproximou novas amizades, desta vez com o pessoal jovem da Administração da Panambra, que foram muito gentis para comigo e meu veículo. As Fotos e carta alusiva aos 50 anos se encontram abaixo.


Falando em carta, menciono a correspondência que recebi do Sr. Fernando Viero Filho, Diretor do Museu da Tecnologia da Ulbra - Canoas, referenciando o meu carro. Outra nova amizade.

Igualmente o carro, através do Dr. Eduardo, me aproximou da Direção do Museu "Carro e Cidade", com os quais mantenho frequentes contatos, onde já participou de exposição ao público.
Também, por intermédio dele, fiz amizade com o Eng° Carlos Alberto Farina, grande apreciador de Fuscas (em Porto Alegre) que estava interessado em adquirir um capô antigo que ainda possuo, mas do qual não pretendo me desfazer. Temos trocado correspondência e telefonemas.
No encontro de carros antigos, em fevereiro de 2005, em Rio Grande, conheci e convivi por 3 dias, durante a exposição, com dois rapazes de nome Rafael, que admiraram muito o veículo e percebi o grande conhecimento que ambos têm sobre VW. São uma enciclopédia ambulante da VW. Nessa oportunidade, depois de tantos encontros de carros antigos, recebi um 1° troféu alusivo à Classe do Concurso - Transformação.
Em agosto consegui mais dois, um em São Lourenço do Sul e no encontro proporcionado pela Avasul, em Pelotas.
Ao falar sobre o meu carro, mesmo tendo sido aconselhado pelo Sr. Fernando Viero Filho, Diretor da Ulbra, que espera que eu conserve o meu automóvel sempre da mesma forma e resgate a memória dos carros antigos, eu sempre tive esse espírito, pois já trago no sangue essa paixão, eis que nasci e me criei dentro de uma oficina, desde 1934, e não posso deixar de mencionar as novas amizades que construí através dos tempos por causa dele.
São aquelas pessoas que me ajudaram a conservá-lo em condições para o uso abusivo diário a que o submeto, com mais de um milhão de quilômetros rodados, pois já mandei retificar o motor original 8 vezes, com troca de 3 virabrequins. O Fusca suporta, normalmente, 125/140 mil quilômetros, a cada retifica, dependendo da atenção e cuidado que lhe dispersamos, dentro das normas ditadas pela Volkswagen. Começa com o fato de ser de fácil manutenção, apenas apresentando problemas inusitados como é normal na vida funcional de qualquer veículo. Até os novos dão preocupação.
É claro que em 30 anos já quebrou o facão da direita, em plena madrugada, perto do supermercado Pois-Pois, e eu estava acompanhado de um vizinho que tinha levado ao Pronto Socorro, e estava com os dois olhos vendados porque foram feridos com lascas de solda elétrica. Foi um drama conseguir recursos para o carro aquela hora e conduzir o cidadão até a sua casa, pois não havia telefone por perto (ainda não havia celular, como agora se tem). Outra vez, ao descer a rampa do Supermercado Guanabara, senti qualquer coisa na frente do carro.
Mal deu para descer e imediatamente o carro (roda dianteira da frente) caiu no chão. Quebrou o semi-eixo. Procurando os assistentes da mecânica, soube que estavam pescando e voltariam à noite. E como são os meus preferidos, de confiança, passei quase todo o dia ao lado carro, até que à tardinha veio o recurso para conduzi-lo à oficina. era sábado. Na segunda, comecei a procurar nos desmanches o semi-eixo, e nada de encontrar. Não fui direto à Panambra ou Trilho Otero, porque quando procurava lá as peças para o meu carro 67, com desdém os balconistas diziam que nada mais existia para carros superados. Somente poderia encontrar nos "ferros-velhos". Mas, mesmo assim desesperado, fui à Panambra, para ver se poderiam encomendar de algum lugar. Naquele momento, baixou uma luz divina, e encontrei um atendente atencioso, que se deu o trabalho de procurar no computador para me ajudar, mas sem esperanças. Que sorte, havia, por uma feliz coincidência, a peça de que necessitava, toda enferrujada porque ninguém lhe dava importância ou procurava, e a comprei. Foi uma aventura. Por 5 vezes tive as barras de torção traseiras quebradas. Uma delas quebrou quando eu estava sentado na Praça Tamandaré, em Rio Grande, quando vi o carro caiu sozinho no chão, parte traseira do lado direito, quase encostando o guarda-lama nas pedras. Era domingo. Mandei o pessoal para Pelotas, de ônibus, e tratei de recolher o carro para a Motobrás (Revendedora VW em Rio Grande), que me atendeu em seguida na segunda-feira. Atribuíram à mudança de temperatura, disseram os técnicos, que isso era comum acontecer. Vezes outras, quebra o cabo do acelerador ou de embreagem, platô e disco, garfo da embreagem, coifas que rasgam, mais isso são coisinhas, naturais a um veículo que é muito exigido, devido a alta quilometragem que tem rodado.
...(continua)"



Não percam nas próximas postagens a continuação da Saga de Benito Mussolini - o Fusca Mini Rolls - aqui no Fusca Herbie Blog.

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